JOHANN HEIRICH PESTALOZZI (1746 A 1827)
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Quem foi
Pestalozzi?
Pestalozzi nasceu em Zuriqui a 12 de janeiro de
1746 e faleceu em Brugg a 17 de de fevereiro de 1827. Estudou línguas,
Teologia, Direito e História. Foi um grande educador da Suíça e responsável
pela reforma educacional no país.
A leitura de Emílio de Rousseau, levou-o a divulgar e aplicar
as ideias pedagógicas expostas nessa obra, considerando que a solução para os
problemas sociais deveria ser procurada na reforma do ensino.
dedicou-se, particularmente, à instrução das crianças pobres. As escolas que
abriu e suas numerosas obras (livros) atraíram a atenção de professores
estrangeiros que, depois de observarem seus métodos, divulgaram-nos
mundialmente.
Voltou-se principalmente para o ensino elementar,
por considerá-lo fundamental para o desenvolvimento do ser humano. Em 1774
abriu uma escola para crianças desamparadas da aldeia de Neuhof, onde pode
aplicar com sucessos, suas ideias. Preocupou-se em dar-lhes formação
profissional, ainda que rudimentar, que lhes permitisse, mais tarde, ter vida
independente e produtiva.
Em 1805 fundou em Yverdon uma instituição que recebia
crianças de todas as partes da Europa e funcionava também como centro de
formação de professores. Durante vinte anos, esse centro divulgou suas
ideias e seu programa revolucionário de ensino.
O currículo por ele criado, para o ensino elementar, dava ênfase ao
entendimento oral, à geografia, à aritmética, às artes manuais, ao conto e às
atividades de grupo e ao contato com a natureza.
Entendia que o desenvolvimento mental se processava
de acordo com uma lei de complexidade crescente, sendo assim, seu plano de
ensino era cuidadosamente graduado, que dava margem à manifestação das diferenças
individuais. Seu método era baseado no processo indutivo, partindo de
experiências concretas para estimular a observação e o raciocínio. (Vamos
acrescentar também aqui, o processo intuitivo que estudaremos mais tarde!)
O processo indutivo parte das observações. Por isso, para Pestalozzi as
atividades dos alunos deviam se iniciar com o conhecimento dos objetos, ou
seja, a exploração do meio, caminhando do simples até chegar aos conhecimentos
mais complexos, partindo do conhecido para o desconhecido, do concreto para o
abstrato, do particular para o geral. No entanto, esse partir do particular
para o geral, não é visto como uma questão conceitual no campo da abstração, mas
da ação do educando através das percepções sensoriais, incluindo tocar, olhar,
ouvir, comparar e analisar. Por meio da observação e da investigação,
estimula-se os processos cognitivos do educando na busca da compreensão, da
aprendizagem do que observa e explora integralmente.
Seu método pedagógico era baseado nos interesses naturais do aluno, de
acordo com a evolução do seu psiquismo, de modo que o aluno reduzisse o esforço
despendido no processo de aprendizagem, por isso, deu grande importância ao método
intuitivo, e dizia que era preciso psicologizar a educação.
Vamos conhecer alguns aspectos principais
sobre a contribuição de Pestalozzi:
1) A observação ou percepção sensorial (intuição) é a base da instrução.
2) A linguagem deve estar sempre ligada à observação (intuição) , isto
é, ao objeto ou conteúdo.
3) O mestre deve respeitar a individualidade do aluno.
4) O ensino deve ter por alvo o desenvolvimento e não a exposição
dogmática.
5) Em qualquer ramos, o ensino deve começar pelos elementos mais simples
e proceder, gradualmente, de acordo com o desenvolvimento da criança, esto é,
em ordem psicológica.
Livro: Fundamentos da Educação. Autores Gilberto Cotrim e Mário Parisi.
Editora Saraiva
Reportagem
Revista Nova Escola
outubro/2008
Antecipando concepções do movimento da Escola Nova, que só surgiria na virada
do século 19 para o 20, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é
levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas.
"Segundo ele, o amor deflagra o processo de auto-educação",
diz a escritora Dora Incontri, uma das poucas estudiosas de Pestalozzi no
Brasil.
A
escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar como
inspirar-se no ambiente familiar, para oferecer uma atmosfera de segurança e
afeto. Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, o pensador suíço não
concordava totalmente com o elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha
força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral - isto é,
encontrar conscientemente, dentro de si, a essência divina que lhe dá
liberdade. "Pestalozzi chega ao ponto de afirmar que a religiosidade
humana nasce da relação afetiva da criança com a mãe, por meio da sensação de
providência", diz Dora Incontri.
Inspiração na natureza
A vida e obra de Pestalozzi estão intimamente ligadas à religião. Cristão
devoto e seguidor do protestantismo, ele se preparou para o sacerdócio, mas
abandonou a ideia em favor da necessidade de viver junto da natureza e de
experimentar suas ideias a respeito da educação. Seu pensamento permaneceu
impregnado da crença na manifestação da divindade no ser humano e na caridade,
que ele praticou principalmente em favor dos pobres.
A
criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora - ideia
oposta à concepção de que a função do ensino é preenchê-la de informação. Para
o pensador suíço, um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar
os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa. Dar atenção à sua
evolução, às suas aptidões e necessidades, de acordo com as diferentes idades,
era, para Pestalozzi, parte de uma missão maior do educador, a de saber ler e
imitar a natureza - em que o método pedagógico deveria se inspirar.
Pestalozzi
aplicou em classe seu princípio da educação integral - isto é, não limitada à
absorção de informações. Segundo ele, o processo educativo deveria englobar três
dimensões humanas, identificadas com a cabeça, a mão e o coração. O objetivo
final do aprendizado deveria ser uma formação também tripla: intelectual,
física e moral. E o método de estudo deveria reduzir-se a seus três elementos
mais simples: som, forma e número. Só depois da percepção viria a linguagem.
Com os instrumentos adquiridos desse modo, o estudante teria condições de
encontrar em si mesmo liberdade e autonomia moral. Como alcançar esse objetivo
dependia de uma trajetória íntima, Pestalozzi não acreditava em julgamento
externo. Por isso, em suas escolas não havia notas ou provas, castigos ou
recompensas, numa época a em que chicotear os alunos era comum. "A
disciplina exterior, na escola de Pestalozzi, era substituída pelo cultivo da
disciplina interior, essencial à moral protestante", diz Alessandra Arce.
Bondade potencial
Tanto
a defesa de uma volta à natureza quanto a construção de novos conceitos de
criança, família e instrução a que Pestalozzi se dedicou devem muito a sua
leitura do filósofo franco-suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), nome
central do pensamento iluminista. Ambos consideravam o ser humano de
seu tempo excessivamente cerceado por convenções sociais e influências do meio,
distanciado de sua índole original - que seria essencialmente boa para Rousseau
e potencialmente fértil, mas egoísta e submissa aos sentidos, para Pestalozzi.
"A criança, na concepção de Pestalozzi, era um ser puro, bom em sua
essência e possuidor de uma natureza divina que deveria ser cultivada e
descoberta para atingir a plenitude", diz Alessandra Arce, professora da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em
Ribeirão Preto. O pensador suíço costumava comparar o ofício do professor
ao do jardineiro, que devia providenciar as melhores condições externas para
que as plantas seguissem seu desenvolvimento natural. Ele gostava de lembrar
que a semente traz em si o "projeto" da árvore toda.
Desse modo, o aprendizado seria, em grande parte, conduzido pelo próprio aluno,
com
base na experimentação prática e na vivência intelectual, sensorial e emocional
do conhecimento. É a ideia do "aprender fazendo", amplamente
incorporada pela maioria das escolas pedagógicas posteriores a Pestalozzi. O
método deveria partir do conhecido para o novo e do concreto para o abstrato,
com ênfase na ação e na percepção dos objetos, mais do que nas palavras. O que
importava não era tanto o conteúdo, mas o desenvolvimento das habilidades e dos
valores.
Biografia
Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em 1746 em Zurique, na Suíça. Na juventude,
ele abandonou os estudos religiosos para se dedicar à agricultura. Quando a
empreitada se tornou o primeiro de muitos fracassos materiais de sua vida,
Pestalozzi levou algumas crianças pobres para casa, onde encontraram escola e
trabalho como tecelãs, aprendendo a se sustentar. Alguns anos depois, a escola
se inviabilizou e Pestalozzi passou a explorar suas idéias em livros, entre
eles Os Crepúsculos de um Eremita e o romance Leonardo e Gertrudes. Uma nova chance
de exercitar seu método só surgiu quando ele já tinha mais de 50 anos, ao ser
chamado para dar aulas aos órfãos da batalha de Stans. Mais duas experiências
se seguiram, em escolas de Burgdorf e Yverdon. Nesta última, que existiu de
1805 a 1825, Pestalozzi desenvolveu seu projeto mais abrangente, dando aulas
para estudantes de várias origens e comandando uma equipe de professores.
Divergências entre eles levaram a escola a fechar. Yverdon projetou o nome de
Pestalozzi no exterior e foi visitada por muitos dos grandes educadores da
época.
Um liberal na Era das Revoluções
Embora
durante a maior parte de sua vida Pestalozzi tenha escolhido viver em relativo
isolamento, com a mulher e um filho que morreu aos 31 anos, ele nunca se
alienou dos acontecimentos de sua época - chamada pelo historiador britânico
Eric Hobsbawn de "Era das Revoluções". Na juventude, Pestalozzi
militou num grupo que defendia a moralização da política suíça. Mais tarde, por
simpatizar com o pensamento liberal e republicano, se alinhou aos defensores da
Revolução Francesa. Em 1798, os franceses, em apoio aos republicanos suíços,
passaram a sufocar os focos de resistência à nova ordem no país vizinho, e
levaram à frente um massacre na cidade de Stans. Pestalozzi, embora chocado com
os acontecimentos, atendeu à convocação do governo e montou uma escola para os
órfãos da batalha, que acabou sendo uma de suas experiências pedagógicas mais
produtivas. Pestalozzi não foi um iluminista típico, até por ser religioso
demais para isso. Por outro lado, a importância que dava à vivência e à
experimentação aproximam seu trabalho de um pioneiro enfoque científico para a
educação, num reflexo da defesa da razão que caracterizou o "século das
luzes". "A arte da educação deve ser cultivada em todos os aspectos,
para se tornar uma ciência construída a partir do conhecimento profundo da
natureza humana", escreveu Pestalozzi.
Para pensar
A pesquisadora Dora Incontri vê na obra dos filósofos da educação anteriores ao
século 19 uma concepção do ser humano "mais integral" do que a que
passou a prevalecer então. Segundo Dora, naquela época a ciência, incluindo a
pedagogia, se tornou materialista. "Pensadores como Pestalozzi levavam em
conta aspectos hoje negligenciados, como o espiritual. " Ela lamenta a
ausência dessa dimensão. No seu dia a dia na escola ou em seus estudos sobre
educação, você já sentiu a sensação de que falta algo à teoria pedagógica?
Chegou a pensar que carência é essa? De que forma ela se reflete na prática?
SOBRE O
MÉTODO INTUITIVO
Método de
ensino que surgiu na Alemanha no final do século XVIII . divulgado pelos
discípulos de Pestalozzi no decorrer do século XIX na Europa e nos Estados
Unidos.
Segundo Valdemarin (2004), as lições de coisas abrangiam três acepções: levar o aluno a
adquirir uma ideia abstrata , colocando um objeto concreto diante dele; educar
através dos cinco sentidos, fazendo o aluno ver, observar, tocar e discernir as
qualidades de alguns objetos; mostrar o conhecimento e fatos utilizando a
natureza e a indústria, apreendendo uma coisa e o seu nome, um fato e a sua
expressão, um fenômeno e o seu termo designante.
O método intuitivo utilizava os objetos como suporte didático e os sentidos
possibilitavam a produção de ideias, iniciando do concreto e ascendendo à
abstração. Os sentidos deveriam ser educados para obter o conhecimento,
passando da intuição dos sentidos para a intuição intelectual.
Foram
propostos novos materiais didáticos (gravuras, objetos de madeira, caixas para
o ensino das cores e das formas, etc.), museus pedagógicos e novas atividades
para serem desenvolvidas em sala de aula. Os livros ganharam uma nova função,
não servindo mais como instrumento para a memorização dos alunos, e sim como
manuais didáticos, destinados à formação dos professores, orientando sobre a
estrutura das aulas e a ordenação das atividades.
Entre as inovações vinculadas ao método de ensino intuitivo, estão a
proposição que a escola deva ensinar coisas vinculadas à vida, aos objetos e
fatos presentes no cotidiano dos estudantes, introduzindo assim os objetos
didáticos como elementos imprescindíveis à formação das ideias. (...) A
introdução dos objetos didáticos na educação tem um caráter lúdico, mas também
disciplinador: um elemento novo em sala de aula torna-se o centro da atenção
das crianças, instaurando assim algo que é comum a toda a classe de alunos e ao
professor, é aquilo que os une no caminho do conhecimento. Mas, acima disso,
traz consigo a possibilidade de uniformizar raciocínios, modos de pensar,
cristalizando uma forma de apropriação das coisas exteriores num processo que é
dirigido pelo professor, o representante naquela situação do legado das
gerações precedentes, inclusive com seus valores e seus preconceitos. (
Valdemarin, 2004, p. 176)
O método de ensino intuitivo difundiu-se no Brasil no final do século XIX e
início do XX, fazendo parte das diversas propostas de reformas de ensino
federais e estaduais. Suas diretrizes vigoraram no Brasil até meados da década
de 1920.
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario.html
Dicionário
online https://dicionario.priberam.org/designar
de·sig·nar
- Conjugar
(latim
designo, -are, marcar, traçar)
verbo
transitivo
1.
Indicar por meio de designação.
2.
Fixar, determinar.
3.
Nomear, escolher.
4.
Servir de nome a.
Confrontar:
dedignar.
Palavras
relacionadas: designação, dedignar, denominar, designação, apelidar, indigitar,
indicar.
"designar",
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020,
https://dicionario.priberam.org/designar [consultado em 23-04-2020].